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Trauma pode transformar: quando a dor leva ao crescimento

Trauma pode transformar: quando a dor leva ao crescimento

Pesquisadores exploram como experiências traumáticas podem gerar resiliência, mudanças positivas e maior força emocional.

Um estudo publicado na revista Clinical Neuropsychiatry aborda o conceito de crescimento pós-traumático (Post Traumatic Growth, PTG), evidenciando como eventos traumáticos podem, além de causar sofrimento, levar a transformações positivas. A pesquisa analisou como fatores como resiliência, suporte social e contexto cultural influenciam os resultados emocionais e psicológicos após traumas.

De acordo com os autores, PTG é caracterizado por mudanças psicológicas positivas que surgem como resultado da luta com experiências altamente desafiadoras. Isso inclui maior autoconfiança, melhor compreensão das relações interpessoais, e até mesmo um novo propósito de vida. O estudo destaca que essas mudanças podem coexistir com os impactos negativos, como o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

O conceito de PTG começou a ganhar força nos anos 1990 e, desde então, tem sido estudado em contextos como desastres naturais, abuso sexual, ataques terroristas e, mais recentemente, a pandemia de COVID-19. A pesquisa atual reforça a ideia de que, embora o trauma possa abalar profundamente a identidade de uma pessoa, ele também oferece uma oportunidade para reconstrução e crescimento.

Os resultados mostram que o ambiente social desempenha um papel crucial. O acesso a suporte emocional e recursos práticos ajuda as pessoas a lidar com o trauma de maneira mais positiva. Além disso, estratégias terapêuticas como a Terapia Cognitivo-Comportamental Conjunta (CBCT) têm demonstrado potencial para fomentar o crescimento pós-traumático.

Um ponto relevante destacado pelos pesquisadores é que o crescimento não acontece automaticamente. Ele depende de uma combinação de fatores, incluindo a percepção do indivíduo sobre o evento traumático, a disponibilidade de suporte e o acesso a intervenções adequadas. Essa complexidade torna o estudo do PTG uma área promissora para entender melhor a recuperação após o trauma.

A pesquisa conclui que o PTG não substitui os desafios emocionais e psicológicos do trauma, mas oferece uma perspectiva esperançosa sobre como o ser humano pode se adaptar e crescer diante da adversidade.

Saiba mais

O artigo, intitulado Post Traumatic Growth (PTG) in the Frame of Traumatic Experiences, foi escrito por Liliana Dell’Osso, Primo Lorenzi, Benedetta Nardi, Claudia Carmassi e Barbara Carpita, do Departamento de Medicina Clínica e Experimental da Universidade de Pisa, Itália. Ele foi publicado na revista Clinical Neuropsychiatry, volume 19, edição 6, páginas 390-393, em 2022.

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