Como a falta de saneamento afeta sua saúde
A ausência de infraestrutura básica impacta diretamente a saúde de grávidas, crianças e adolescentes, resultando em doenças graves e atrasos no desenvolvimento.
A falta de saneamento básico no Brasil continua sendo um dos maiores desafios de saúde pública, com impactos devastadores na qualidade de vida de milhões de pessoas. Um estudo recente conduzido pela Ex Ante Consultoria Econômica, em parceria com o Instituto Trata Brasil, revelou os impactos profundos dessa deficiência na vida de grávidas, crianças e adolescentes. O levantamento utilizou dados do IBGE e de sistemas de saúde para demonstrar como a ausência de água tratada e coleta de esgoto prejudica a saúde física, emocional e o desenvolvimento educacional dessas populações vulneráveis.
O estudo apontou que grávidas sem acesso a saneamento adequado enfrentam maiores riscos de complicações durante a gestação. Em 2019, aproximadamente 12,4% das grávidas relataram problemas de saúde associados à ausência de saneamento básico. Infecções urinárias, doenças de veiculação hídrica e outros problemas ginecológicos foram destacados como frequentes nessas comunidades. Essas condições aumentam os riscos de parto prematuro, baixo peso ao nascer e complicações neonatais que podem impactar a saúde dos recém-nascidos a longo prazo.
Crianças na primeira infância são as mais afetadas pela falta de saneamento. Doenças como diarreia, verminoses e infecções respiratórias continuam sendo as principais causas de internações hospitalares em áreas sem infraestrutura básica. Dados do estudo mostram que crianças de até dois anos que vivem em áreas sem coleta de esgoto têm cinco vezes mais chances de contrair doenças diarreicas em comparação com aquelas que vivem em áreas com saneamento adequado. Essas doenças, além de impactarem a saúde, também contribuem para atrasos no crescimento e no desenvolvimento cognitivo.
Além dos impactos diretos na saúde, a ausência de saneamento também afeta a educação e o futuro profissional de adolescentes. Crianças e jovens que vivem em comunidades sem saneamento básico faltam mais às aulas devido a doenças e internações. Essa frequência escolar irregular prejudica o desempenho acadêmico e reduz as oportunidades de inserção no mercado de trabalho no futuro. O estudo ressaltou que esses jovens enfrentam maiores dificuldades em romper o ciclo da pobreza, perpetuado pela falta de acesso a condições básicas de vida.
A pesquisa destacou disparidades regionais alarmantes. Regiões como o Norte e o Nordeste do Brasil apresentam as maiores deficiências de saneamento e, consequentemente, os índices mais elevados de doenças relacionadas à falta de infraestrutura. Em contraste, estados como São Paulo, que possuem maior cobertura de água tratada e esgotamento sanitário, registraram índices significativamente menores de doenças de veiculação hídrica e respiratória. Essa desigualdade regional reflete a necessidade de políticas públicas que priorizem as áreas mais afetadas.
Os autores do estudo enfatizaram que a universalização do saneamento básico é crucial para reduzir desigualdades sociais e melhorar a qualidade de vida no Brasil. Além dos benefícios diretos para a saúde, o acesso ao saneamento reduz os custos com internações hospitalares e tratamentos médicos, aliviando o sistema público de saúde. O relatório sugere que investimentos em infraestrutura básica devem ser vistos como uma prioridade estratégica, com potencial para gerar impactos positivos em diversas áreas, incluindo saúde, educação e economia.
As soluções propostas incluem a implementação de projetos regionais que considerem as necessidades específicas de cada localidade, além de parcerias público-privadas para acelerar a expansão do saneamento básico. Outra recomendação é a realização de campanhas educativas que conscientizem a população sobre a importância do saneamento para a saúde e a qualidade de vida. Essas ações, combinadas com esforços governamentais, podem mitigar os impactos negativos e proporcionar um futuro mais saudável para milhões de brasileiros.
SAIBA MAIS
O estudo intitulado Futuro em Risco: Efeitos da Falta de Saneamento na Vida de Grávidas, Crianças e Adolescentes foi realizado por Fernando Garcia de Freitas e Ana Lélia Magnabosco e publicado pela Ex Ante Consultoria Econômica em outubro de 2024.
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