Devemos proibir apostas para beneficiários do Bolsa Família?
Estudo investiga se há restrições adequadas para proteger beneficiários do Bolsa Família em relação ao vício nas apostas esportivas, em meio ao aumento do uso do benefício em bets online.
O aumento das apostas esportivas no Brasil levantou preocupações sobre o impacto do vício em jogo, especialmente entre beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família. Segundo dados recentes, milhões de reais provenientes do benefício foram direcionados para apostas, suscitando um debate sobre a possível regulamentação e até mesmo proibição de apostas para essa parcela da população.
O estudo, conduzido pela antropóloga Carmen Rial, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), explora as implicações sociais e econômicas das apostas, que têm se popularizado rapidamente no país. Rial questiona se restringir o acesso ao jogo para beneficiários do Bolsa Família seria uma medida eficaz, ou se tal proibição acabaria estigmatizando ainda mais essa população.
As apostas esportivas chegaram ao Brasil sem regulamentação, tornando-se populares entre pessoas de diferentes classes sociais. No entanto, o estudo destaca que o impacto é mais crítico para aqueles em situação de vulnerabilidade, que podem ver as apostas como uma esperança de renda rápida. Dados revelam que uma parcela significativa dos apostadores brasileiros são beneficiários do Bolsa Família, o que tem preocupado autoridades.
Além dos efeitos econômicos diretos, o estudo sugere que o vício em jogos é uma questão de saúde pública, com impactos negativos que se estendem ao bem-estar físico e mental dos envolvidos. Rial defende que, ao invés de proibir, o governo deve investir em regulamentações que protejam os mais vulneráveis sem impedir a liberdade de escolha.
A discussão se torna ainda mais complexa ao considerar que as apostas esportivas também são uma fonte significativa de arrecadação para o governo e clubes de futebol. Proibições rígidas poderiam impactar negativamente essa arrecadação, mas a falta de regulação tem custos altos, especialmente para as famílias de baixa renda.
O estudo conclui que a regulamentação, e não a proibição, é o caminho mais promissor. Rial sugere que uma regulamentação eficiente poderia incluir campanhas de conscientização sobre o vício em apostas, além de oferecer suporte psicológico e econômico para pessoas afetadas.
Saiba mais
O artigo intitulado E as bets? Devemos proibir pobres do Bolsa Família de apostarem?, de autoria de Carmen Rial, foi publicado na revista Bate-Pronto, edição do INCT Futebol, Florianópolis, Volume 1, Número 19, em outubro de 2024.
Publicar comentário