A revolução na edição genética humana
Tecnologia avança da correção de doenças para potencial aprimoramento de características humanas, levantando questões éticas e científicas.
A tecnologia CRISPR (Conjunto de Repetições Palindrômicas Curtas Regularmente Espaçadas, em português), inicialmente desenvolvida para corrigir mutações genéticas causadoras de doenças, está expandindo suas aplicações para além da medicina tradicional. Pesquisadores agora exploram a possibilidade de utilizar essa ferramenta para aprimorar características humanas, como resistência a doenças comuns e potencial aumento de capacidades físicas e cognitivas.
Em 2018, o cientista chinês He Jiankui causou controvérsia ao anunciar o nascimento dos primeiros bebês geneticamente editados para serem resistentes ao HIV. Esse experimento foi amplamente criticado pela comunidade científica devido a questões éticas e à falta de transparência nos procedimentos adotados. Desde então, debates sobre os limites e as implicações da edição genética em humanos têm se intensificado.
Recentemente, avanços na entrega de editores genéticos ao corpo humano abriram novas possibilidades para a aplicação do CRISPR em adultos. Isso significa que, além de corrigir mutações em embriões, poderíamos modificar genes em indivíduos já nascidos, potencialmente alterando características hereditárias sem afetar as futuras gerações.
No entanto, essa expansão de uso levanta preocupações éticas significativas. A possibilidade de “melhorar” geneticamente humanos adultos pode exacerbar desigualdades sociais, criando uma divisão entre aqueles que têm acesso a tais tecnologias e os que não têm. Além disso, há o risco de usos não regulamentados ou inadequados da tecnologia, levando a consequências imprevisíveis para a saúde humana e a sociedade.
Especialistas enfatizam a necessidade de regulamentações claras e de um debate público abrangente sobre as implicações da edição genética humana. É crucial equilibrar os benefícios potenciais, como a erradicação de doenças hereditárias, com os riscos éticos e sociais associados ao aprimoramento genético.
À medida que a tecnologia CRISPR avança, a sociedade enfrenta o desafio de definir os limites de sua aplicação. O futuro da edição genética humana dependerá de decisões coletivas que considerem tanto o progresso científico quanto os valores éticos fundamentais.
Saiba mais
O artigo intitulado Beyond gene-edited babies: the possible paths for tinkering with human evolution foi escrito por Antonio Regalado e publicado na MIT Technology Review em 22 de agosto de 2024.
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