Racismo afeta saúde de adolescentes afrodescendentes
Estudo analisa impacto do racismo nas condições de saúde física e mental de jovens negros no Brasil.
Um estudo publicado na Physis: Revista de Saúde Coletiva explora como o racismo estrutural impacta a saúde de adolescentes afrodescendentes no Brasil, destacando as raízes históricas das desigualdades e suas consequências contemporâneas. A pesquisa utiliza a teoria ecossocial, proposta por Nancy Krieger, para entender como o racismo afeta a saúde física e mental desses jovens, revelando um ciclo de vulnerabilidade reforçado pela discriminação racial.
O artigo aborda o racismo estrutural como um fator determinante das condições de vida e saúde, analisando o contexto histórico do Brasil pós-abolição. A manutenção das desigualdades econômicas e sociais posicionou a população negra em desvantagem, o que afeta diretamente os adolescentes. Esses jovens enfrentam desafios adicionais no acesso à educação, saúde e oportunidades econômicas, contribuindo para um ciclo de exclusão.
O estudo também destaca que o racismo estrutural impacta a saúde mental de adolescentes negros, gerando sentimentos de inferioridade e aumentando o risco de transtornos como ansiedade e depressão. Além disso, eles estão mais expostos à violência e ao encarceramento, fatores que agravam ainda mais as desigualdades de saúde. Mulheres negras, particularmente, enfrentam a interseccionalidade de gênero e raça, que as torna ainda mais vulneráveis a abusos e desigualdades.
A pesquisa enfatiza que as políticas públicas existentes, como a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, são subutilizadas e carecem de implementação eficaz. Apesar de previstas para combater as desigualdades, poucas ações são realmente aplicadas nos sistemas de saúde, perpetuando lacunas no cuidado de adolescentes afrodescendentes.
Outro ponto discutido é a negligência na formação de profissionais de saúde sobre a questão racial, que contribui para um atendimento inadequado e discriminatório. Essa falta de preparo agrava a invisibilidade das necessidades específicas da população negra nos serviços de saúde, perpetuando as desigualdades e reduzindo as chances de intervenção efetiva.
Os autores concluem que é urgente enfrentar o racismo estrutural e implementar políticas públicas eficazes para reverter as desigualdades históricas. Promover a saúde de adolescentes afrodescendentes exige o reconhecimento das vulnerabilidades associadas à raça e um compromisso genuíno com a construção de uma sociedade mais equitativa.
Saiba mais
O artigo, intitulado O racismo estrutural e seu impacto na saúde do adolescente afrodescendente brasileiro, foi escrito por Iraneide Nascimento dos Santos, Taciana Lima de Paula Black, Kalina Vanderlei Silva e Carolina da Franca Bandeira Ferreira Santos, todas vinculadas ao Programa de Pós-Graduação em Hebiatria da Universidade de Pernambuco. Foi publicado em 2024 na Physis: Revista de Saúde Coletiva, volume 34.
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